terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Duas visões de mundo se confrontam em Copenhague

(Da Carta Maior)




Tanto o aquecimento global quanto as perturbações da natureza e a injustiça social mundial são tidas como externalidades, vale dizer, realidades não intencionadas e que por isso não entram na contabilidade geral dos estados e das empresas. Finalmente o que conta mesmo é o lucro e um PIB positivo. Mas estas externalidades se tornaram tão ameaçadoras que estão desestabilizando o sistema-Terra, mostrando a falência do modelo econômico neoliberal e expondo em grave risco o futuro da espécie humana. O artigo é de Leonardo Boff.

Leonardo Boff

Em Copenhague nas discussões sobre as taxas de redução dos gases produtores de mudanças climáticas, duas visões de mundo se confrontam: a da maioria dos que estão fora da Assembléia, vindo de todas as partes do mundo e a dos poucos que estão dentro dela, representando os 192 estados. Estas visões diferentes são prenhes de conseqüências, significando, no seu termo, a garantia ou a destruição de um futuro comum.

Os que estão dentro, fundamentalmente, reafirmam o sistema atual de produção e de consumo mesmo sabendo que implica sacrificação da natureza e criação de desigualdades sociais. Crêem que com algumas regulações e controles a máquina pode continuar produzindo crescimento material e ganhos como ocorria antes da crise.

Mas importa denunciar que exatamente este sistema se constitui no principal causador do aquecimento global emitindo 40 bilhões de toneladas anuais de gases poluentes. Tanto o aquecimento global quanto as perturbações da natureza e a injustiça social mundial são tidas como externalidades, vale dizer, realidades não intencionadas e que por isso não entram na contabilidade geral dos estados e das empresas. Finalmente o que conta mesmo é o lucro e um PIB positivo.

Ocorre que estas externalidades se tornaram tão ameaçadoras que estão desestabilizando o sistema-Terra, mostrando a falência do modelo econômico neoliberal e expondo em grave risco o futuro da espécie humana.

Não passa pela cabeça dos representantes dos povos que a alternativa é a troca de modo de produção que implica uma relação de sinergia com a natureza. Reduzir apenas as emissões de carbono mas mantendo a mesma vontade de pilhagem dos recursos é como se colocássemos um pé no pescoço de alguém e lhe dissésemos: quero sua liberdade mas à condição de continuar com o meu pé em seu pescoço.

Precisamos impugnar a filosofia subjacente a esta cosmovisão. Ela desconhece os limites da Terra, afirma que o ser humano é essencialmente egoista e que por isso não pode ser mudado e que pode dispor da natureza como quiser, que a competição é natural e que pela seleção natural os fracos são engolidos pelos mais fortes e que o mercado é o regulador de toda a vida econômica e social.

Em contraposição reafirmamos que o ser humano é essencialmente cooperativo porque é um ser social. Mas faz-se egoísta quando rompe com sua própria essência. Dando centralidade ao egoísmo, como o faz o sistema do capital, torna impossível uma sociedade de rosto humano. Um fato recente o mostra: em 50 anos os pobres receberam de ajuda dois trilhões de dólares enquanto os bancos em um ano receberam 18 trilhões. Não é a competição que constitui a dinâmica central do universo e da vida mas a cooperação de todos com todos. Depois que se descobriram os genes, as bactérias e os vírus, como principais fatores da evolução, não se pode mais sustentar a seleção natural como se fazia antes. Esta serviu de base para o darwinismo social. O mercado entregue à sua lógica interna, opõe todos contra todos e assim dilacera o tecido social. Postulamos uma sociedade com mercado mas não de mercado.

A outra visão dos representantes da sociedade civil mundial sustenta: a situação da Terra e da humanidade é tão grave que somente o princípio de cooperação e uma nova relação de sinergia e de respeito para com a natureza nos poderão salvar. Sem isso vamos para o abismo que cavamos.

Essa cooperação não é uma virtude qualquer. É aquela que outrora nos permitiu deixar para trás o mundo animal e inaugurar o mundo humano. Somos essencialmente seres cooperativos e solidários sem o que nos entredevoramos. Por isso a economia deve dar lugar à ecologia. Ou fazemos esta virada ou Gaia poderá continuar sem nós.

A forma mais imediata de nos salvar é voltar à ética do cuidado, buscando o trabalho sem exploração, a produção sem contaminação, a competência sem arrogância e a solidariedade a partir dos mais fracos. Este é o grande salto que se impõe neste momento. A partir dele Terra e Humanidade podem entrar num acordo que salvará a ambos

Leonardo Boff é teólogo e escritor.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Reunião sobre meta climática termina e acordo fica para 2010




CLAUDIO ANGELO
LUCIANA COELHO
Enviados da Folha de S.Paulo a Copenhague

Atualizado às 18h30.

A última reunião de hoje na qual Brasil, China, Estados Unidos, África do Sul e Índia discutiram as metas climáticas --ou a falta delas-- terminou sem consenso. Uma declaração sobre o encontro que, como previsto, terminou sem acordo, será divulgada nas próximas horas.

Segundo informou a delegação brasileira, o conteúdo do documento será feito com vistas a um possível acordo apenas em 2010. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se dirige ao aeroporto para retornar ao Brasil.
Susan Walsh/AP
À esq., líderes da África do Sul, Brasil e EUA; à dir., premiê chinês ao lado de primeiro-ministro indiano
À esq., líderes da África do Sul, Brasil e EUA; à dir., premiê chinês ao lado de primeiro-ministro indiano

Estados Unidos e China, os dois maiores emissores de gases de efeito estufa, são os principais criadores de entraves para o acordo climático entre os 193 países participantes da 15ª Conferência do Clima, que ocorre desde 7 de dezembro em Copenhague.

Além da "briga" entre países emergentes e desenvolvidos sobre estabelecer metas obrigatórias de emissões de gases também para as nações mais pobres --o Protocolo de Kyoto obriga apenas os mais ricos a seguir as metas--, existe a polêmica sobre a criação de um fundo verde.

Os EUA propuseram um fundo bilionário para ajudar os países pobres a lidar com a mudança climática, mas condicionaram a contribuição a uma "transparência" dos países envolvidos e uma possível vigilância. Sobre isso, mais cedo, o presidente Lula disse que o fundo não podia ser usado como "desculpa" para intromissão nos países ajudados. A China também rechaçou um possível controle.

Nesta sexta, antes da última reunião sobre as metas, o premiê chinês faltou aos dois encontros improvisados pelos EUA e enviou um emissário --a atitude enfureceu líderes europeus e Barack Obama.

No começo do dia, o presidente Lula, que há dois dias tentava mediar com o francês Nicolas Sarkozy uma saída do impasse, declarou-se "frustrado" em sessão plenária com líderes mundiais. Na plateia estavam Obama, Gordon Brown, Wen Jiabao, Angela Merkel e outros.

Lula fez também uma oferta de doação para um fundo global de combate à mudança climática, como antecipado pela Folha na última quarta-feira.

Em discurso duro, feito de improviso e longamente aplaudido, Lula enumerou as ações do Brasil e disse que o país estaria disposto a contribuir para um fundo se isso salvar a conferência.

Já o americano Barack Obama, que tomou seu lugar no púlpito, criticou os países que não aceitam se submeter à verificação de suas ações --crítica velada à China. Os países desenvolvidos usam esse argumento para justificarem sua inação.

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Em Copenhague, Lula critica falta de acordo e oferece ajuda para fundo climático

Do UOL Notícias

Em São Paulo
Em novo discurso na Conferência do Clima, em Copenhague, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou na manhã desta sexta-feira (18) o comportamento dos países ricos e em desenvolvimento para se chegar a um acordo sobre as mudanças climáticas.

O presidente dos EUA, Barack Obama, disse nesta sexta-feira (18) em seu discurso na Conferência do Clima em Copenhague, que todas as nações serão "mais fortes e seguras" com um acordo global sobre as mudanças climáticas. "Os países devem fazer parte de um esforço histórico ou cair em divisões", disse. Obama fez um discurso conciliador em busca de um acordo entre os países que participam da cúpula

Lula também disse que o Brasil está disposto a oferecer ajuda ao fundo global de US$ 100 bilhões para ajuda aos países pobres.

"Estamos dispostos a participar do financiamento se nos colocarmos de acordo aqui em uma proposta final, mas não estamos de acordo que as figuras mais importantes do planeta Terra assinem qualquer documento para dizer que assinamos."

Lula afirmou que esteve em reunião com líderes de Estado até às 2h30 da madrugada desta sexta que ele "sinceramente, não esperava participar". "Era uma reunião com muito chefe de Estado e sinceramente submeter chefe de Estado com determinadas discussões há muito tempo eu não assistia", afirmou. "Me lembrou dos meus tempos de dirigente sindical, quando eu negociava com empresários".

Lula disse que a culpa por tal reunião era não ter trabalhado antes com responsabilidade. "Todos nós poderíamos oferecer um pouco mais se tivéssemos assumido boa vontade no último período. Todos nós sabemos do que é preciso para manter o compromisso das metas e o compromisso dos financiamentos. Temos que manter os princípios adotados no protocolo de Kyoto. Temos reponsabilidades comuns."

Lula afirmou ainda que "gostaria de sair daqui com o documento mais perfeito do mundo, mas se não conseguimos fazer até agora não sei se algum anjo ou algum sábio descerá nesse plenário e colocara na nossa cabeca a inteligência que nos faltou até agora".

O presidente brasileiro criticou o comportamento dos países ricos. "A questão não é apenas dinheiro. Os países em desenvolvimento e os ricos não devem pensar em dinhero como favor, não pensemos que estamos dando esmola, porque o dinheiro que será colocado na mesa é o pagamento pela emissão de gases de efeito estufa feita durante dois séculos por quem teve o privilégio de se industrializar primeiro."

"Não é tarefa fácil", disse. "É necessário mostrar ao mundo de que com meias palavras e com barganhas a gente não encontraria uma solução dessa conferência", alfinetou.

O presidente disse que todos concordaram com o acordo inicial que cita o limite do aumento da temperatura global em 2 graus centígrados, "mas mesmo as metas, que deveriam ser uma coisa mais simples, tem muita gente querendo barganhar".

Lula foi muito aplaudido durante o discurso e ressaltou que o Brasil se comprometeu em apresentar metas de redução de emissão de gases em até 2020. "Assumimos nossos compromissos e transformamos em lei a redução de 36,1% a 38,9%." Lula citou que foram aprovadas mudanças na agricultura, no sistema siderúrgico, no aprimoramento da matriz energética e na redução do desmatamento da Amazônia em 80%.

* do UOL Ciência

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Lula rechaça responsabilidade de países pobres no clima e cobra ricos

O presidente Luís Inácio Lula da Silva descartou a responsabilidade de países em desenvolvimento sobre a mudança climática e voltou a cobrar os países desenvolvidos. Segundo Lula, as nações ricas devem assumir metas mais ambiciosas de redução de emissões de gases do efeito-estufa, "à altura de suas responsabilidades históricas".

"É inaceitável que os menos responsáveis pela mudança climática sejam suas primeiras e principais vítimas [do aquecimento global]", afirmou o presidente. "As fragilidades de uns não podem servir de pretexto, não é politicamernte racional nem moralmente justo colocar interesses corporativos à frente da conferência do clima", observou Lula.

"Esta ambição [de redução] será vazia, se não houver compromissos claro de curto e médio prazo. Os países desenvolvidos devem assumir metas ambiciosas de redução de emissões, à altura de suas responsabilidades históricas."

Lula mencionou ainda que a meta de corte do Brasil, entre 36,1% e 38,9% até 2020, terá custo de US$ 16 bilhões anuais. "Isso não é para barganhar, é um compromisso que assumimos", afirmou. "Se quisermos realmente ser ambiciosos, a meta de redução deve ser de 40%."

Em discurso durante a 15ª Conferência de Mudanças Climáticas da ONU (COP-15), em Copenhague, o presidente atrelou o tema à exclusão social.

"A mudança do clima é um dos problemas mais graves que enfrenta a humanidade. Controlar o aquecimento global é fundamental para proteger o meio ambiente, permitir o crescimento econômico e superar a exclusão social", disse Lula durante breve discurso na conferência.

"O combate à mudança do clima não pode fundamentar-se na manutenção da pobreza. A mitigação é essencial. Mas a adaptação é um desafio prioritário para os países em desenvolvimento, sobretudo para as pequenas ilhas e países sujeitos à desertificação, especialmente na África."

Cobrança

Com um discurso enviesado aos países desenvolvidos, o presidente apontou a necessidade de selar compromissos em Copenhague. "Precisamos ter referências para metas de corte. Muitos países em desenvolvimento estão contribuindo, mesmo na ausência de recursos", disse o presidente.

Lula também criticou a regulação do fundo climático global a partir de mecanismos de mercado. "Mecanismos de mercado podem ser muito úteis, mas nunca terão magnitude ou previsibilidade que realmente queremos."

Com Reuters

Obama procura Lula para buscar "resultado positivo" em Copenhague

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, falou nesta quarta-feira (16) por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como parte de seus esforços para impulsionar um resultado positivo da cúpula sobre mudança climática (COP15), que acontece em Copenhague.

"O presidente Obama destacou ao presidente Lula a importância de os dois países continuarem trabalhando para conseguir um acordo concreto que signifique um verdadeiro progresso e determinar uma ação global para enfrentar a ameaça da mudança climática", segundo informu a Casa Branca.

Na conversa, Obama disse que o Brasil tem um papel-chave. E tratou sobre as medidas tomadas pelos EUA e sobre o compromisso para um acordo em Copenhague, em respeito à redução das emissões, o financiamento e um regime de cumprimento transparente e internacionalmente observável.

O presidente americano também telefonou para o primeiro-ministro de Granada, Tillman Thomas, com o mesmo objetivo, declarou a Casa Branca.

COP-15

Os EUA endureceram sua postura nas já difíceis negociações na cúpula da ONU sobre mudança climática (COP-15), realizada em Copenhague, ao se negar a mudar as datas de referência para a redução de gases do efeito estufa, segundo o grupo ambientalista Greenpeace.

O coordenador político para a América Latina da organização ambientalista, Gustavo Ampugnani, disse nesta quarta-feira (16) que Washington apresentou na madrugada de terça-feira um documento com uma cruz no lugar da data a partir da qual se deve partir para calcular as emissões de dióxido de carbono (CO2).

Antes de ir a Copenhague, Washington tinha oferecido reduzir suas emissões de CO2 em 17% até 2020 em relação a 2005, o que representa 4%, em comparação com os parâmetros usados pela União Europeia (UE) e por outros países industrializados, que partem de 1990.

Na terça-feira (15), o enviado norte-americano para as mudanças climáticas, Todd Stern, disse que os EUA não pretendem aumentar, suas metas de redução de emissões de gases-estufa até 2020.

Stern também defendeu a oferta que apresentaram para a redução das emissões de gases estufa, que, de acordo com os americanos, é "comparável às demais" e, em alguns casos, até melhor que a da UE --apesar de ser, na prática, inferior.

Com esse ponto de partida dos EUA e diante do bloqueio atual das negociações na cúpula, a única solução é que os mais de cem chefes de Estado e de governo que começaram a chegar à capital dinamarquesa assumam diretamente as negociações, disse Ampugnani.

Com Efe

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Maiores poluidores do mundo não querem discutir suas metas em Copenhague

Do UOL Ciência e Saúde*

EUA e China deram demonstrações, nesta terça-feira (15), de que não pretendem discutir as metas de redução de emissões já anunciadas em Copenhague. Ambos os países, os maiores poluidores do planeta, apresentaram propostas consideradas tímidas antes da conferência do clima da ONU.

O enviado norte-americano para as mudanças climáticas Todd Stern informou que o país não deve aumentar suas metas de redução de emissões poluentes até 2020. De acordo com ele, o compromisso dos EUA está estreitamente ligado à legislação interna norte-americana sobre o clima, que ainda tem de ser aprovada.

Reuters/Bob Strong
Ativista da Avaaz.org vestido de árvore participa da conferência do clima
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Segundo ele, o país não vai assumir esse compromisso por enquanto, por não desejarem prometer algo que ainda não têm.

A Administração do presidente Barack Obama se comprometeu a cortar as emissões de carbono norte-americanas em 17% até 2020, frente aos níveis de 2005, o que significa uma redução de 3% a 4% em relação a 1990, ano de referência adotado pela União Europeia.

Os EUA, que junto com a China são responsáveis por 40% das emissões globais de carbono, têm recebido críticas pela demora em aprovar seu pacote climático, previsto para 2010 e sem o qual será muito difícil obter um avanço real nas negociações para alcançar um novo acordo vinculativo sobre o clima que substitua o Protocolo de Kyoto.

Também nesta quinta-feira, o embaixador chinês para o clima, Yu Qingtai, informou que a China não tem a intenção de debater suas metas, já anunciadas por Pequim. "Anunciamos os objetivos e não temos intenção de submetê-los a debate" como parte da negociação de um novo acordo mundial de luta contra a mudança climática, declarou.

Depois dos Estados Unidos, a China havia anunciado no dia 26 de novembro, pela primeira vez, sua meta de redução das emissões de gases de efeito estufa. A intenção é a de reduzir até 2020 a intensidade de suas emissões em 40 a 45% por unidade do PIB em relação ao nível de 2005.

Índia

Os países em desenvolvimento estão sendo pressionados a assumir a responsabilidade por medidas que tomam para combater as mudanças climáticas, através do que a ONU descreve como ações "mensuráveis, reportáveis e verificáveis" (MRV).

De acordo com o ministro do meio ambiente da Índia Jairam Ramesh, não há consenso em relação a isso: "A questão do MRV é um divisor muito sério."

A Índia também foi contra a proposta de deixar a cargo de uma cúpula de chefes de Estado que vão se reunir na sexta-feira o trabalho de negociar as questões mais difíceis, dizendo que os anfitriões dinamarqueses da conferência da ONU tinham prometido que nenhum texto novo de negociação "nos seria apresentado sem aviso prévio".

"Os textos que tiverem que ser negociados ou redigidos deveriam ficar prontos até o dia 16 ou 17, e não se pode esperar que os chefes de Estado redijam ou negociem", disse Ramesh.

Sem metas

Um novo esboço de um acordo internacional para deter o aquecimento global apresentado hoje em Copenhague não contém nenhuma menção a metas de cortes de emissões de gás carbônico nem ao financiamento de medidas de combate às mudanças climáticas. O novo rascunho traz referências de um texto anterior, divulgado na sexta-feira, com uma banda de metas de emissões, mas diz que os detalhes "ainda precisam ser elaborados".

*Com informações das agências Lusa, Reuters e France Presse

domingo, 13 de dezembro de 2009

China e EUA precisam se comprometer com cortes, diz UE

A União Europeia defendeu neste sábado que o Protocolo de Kyoto, que fixa metas para inverter as emissões poluentes em 37 países, "não é suficiente" para combater as alterações climáticas porque não vincula os EUA e a China.

No sexto dia de negociações na capital dinamarquesa, o ministro do Meio-Ambiente da Suécia, em representação da presidência sueca da União Europeia (EU), pediu a China e aos Estados Unidos, responsáveis por 40% das emissões globais, que se comprometam de "maneira vinculativa" na redução das emissões poluentes no acordo que sair da cúpula de Copenhague.

Adreas Carlgren frisou que se no final da conferência da ONU sobre alterações climáticas, que termina a 18 de dezembro, o Protocolo de Kyoto continuar a ser o único convênio internacional vinculativo que estabelece uma redução de emissões de gases com efeito de estufa, "não se poderá alcançar um acordo" que permita lutar de forma eficaz contra o fenômeno climático.

As declarações do sueco surgem num momento em que vários países em desenvolvimento, como o Brasil e a China, exigem que o "espírito de Kyoto" - que estabelece metas de redução, mas prevê apoios aos países em desenvolvimento -, não seja posto de parte e integrado no acordo que sair de Copenhague.

Por outro lado, o comissário europeu responsável pelo Meio-Ambiente, Stravos Dimas, garantiu que o novo acordo político a ser alcançado "não quer matar o Protocolo de Kyoto", que não foi assinado pelos EUA, mas sim "salvá-lo"." Ao manter-se esse instrumento conforme está, não servirá para fazer o que é necessário fazer", afirmou, referindo-se ao objetivo anunciado pela ONU de conter a subida da temperatura abaixo de 2ºC em relação à era pré-industrial.

De acordo com Dimas, é preciso "garantir que de Copenhague saia um acordo que inclua muitos dos aspectos de Kyoto, mas que também vincule, especialmente os EUA e a China". O ministro do Meio-Ambiente da Suécia lamentou que, após quase uma semana de negociações, "não se tenha alcançado o suficiente", alertando que, se estas se mantiverem ao ritmo atual, "não se conseguirá o que tem de ser alcançado" até o final da próxima semana, altura em que chegam à capital dinamarquesa mais de cem chefes de Estado e de Governo.

Mesmo assim, Carlgren disse estar confiante de que a chegada a Copenhague, neste fim-de-semana, dos ministros do Meio-Ambiente dos 192 países participantes na reunião, permita acelerar o processo de negociação e alcançar avanços "que os técnicos não estão a conseguir atingir".

O sueco voltou a reiterar que a UE não "vai vender barato" a possibilidade de poder vir a aumentar o seu objetivo de redução de emissões de 20% para 30% até 2020, em relação aos níveis de 1990. Carlgren garantiu também que os 27 Estados-membros da UE "estão dispostos" a comprometerem-se sobre o financiamento, a longo prazo, dos US$ 100 bilhões em ajudas aos países em desenvolvimento, um dos aspectos que mais tem dificultado as negociações.

O Protocolo de Kyoto entrou em vigor em 2005 (com sete anos de atraso) e, juntamente com a Convenção Quadro da ONU sobre Alterações Climáticas, constitui o primeiro e único enquadramento internacional para o combate aos problemas do clima.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Esboço de acordo climático prevê limitar aquecimento global entre 1,5 e 2 graus

Do UOL Notícias*

Em São Paulo
Um primeiro rascunho de um acordo da conferência da ONU sobre as mudanças climáticas em Copenhague, divulgada nesta sexta-feira (11) propõe a limitação da alta da temperatura do planeta a entre 1,5 a 2 graus Celsius, sem uma opção no momento por alguma das duas possibilidades, segundo um documento do qual a agência de notícias "France Presse" obteve uma cópia nesta sexta-feira (11).

"As partes devem cooperar para evitar uma mudança climática perigosa [...], reconhecendo que a alta da temperatura média global em relação aos níveis pré-industriais não deve superar" essas temperaturas, afirma o documento, de sete páginas, divulgado nesta sexta-feira às 8h30 locais, e que será utilizado a partir de agora como base das negociações.

A limitação a 1,5 grau é proposta pelos pequenos Estados insulares e por vários países africanos gravemente ameaçados pelo aquecimento global.

A outra proposta, de uma limitação do aumento da temperatura a 2 graus, é defendida tanto pelos países ricos como pelos grandes emergentes, incluindo Brasil, China e Índia.

Redução da emissão de gases do efeito estufa
O mundo deve reduzir as emissões de gases do efeito estufa pela metade até 2050, de acordo com um esboço de texto proposto por um dos principais negociadores na conferência em Copenhague.

O texto, proposto por Michael Zammit Cutajar, também afirma que os países em desenvolvimento deveriam tomar a liderança com cortes mais profundos entre 2020 e 2050. O texto propõe cortes globais que variam entre 50%, 85% ou 95% até 2050. Os valores deverão ser decididos pelos líderes presententes em Copenhague até o final da conferência, no próximo dia 18.

* Com informações da AFP e da Reuters

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Texto da Dinamarca ameaça acordo na cúpula de Copenhague

Um projeto de texto da Dinamarca, que começou a circular nos corredores conferência sobre o clima de Copenhague nesta terça-feira (8), representa uma "ameaça" para o sucesso das negociações, advertiu um representante do G77, uma coalizão que reúne 130 países em desenvolvimento.

O suposto texto constitui "uma grave violação que ameaça todo o processo de negociação de Copenhague", declarou Lumumba Stanislas Dia Ping, chefe da delegação sudanesa que preside atualmente o G77.

"Os membros do G77 não deixarão as negociações neste estágio. Não podemos nos permitir um fracasso em Copenhague", acrescentou.

O texto --que seria um rascunho para o novo acordo contra o aquecimento-- circula há cerca de duas semanas em diferentes delegações e apareceu nesta terça-feira nos corredores da conferência.

Várias ONGs também denunciaram a Dinamarca, que preside a conferência mundial sobre o clima, por não levar em conta o ponto de vista dos países em desenvolvimento em seu projeto de declaração.

"O texto proposto pelo primeiro-ministro dinamarquês é fraco e mostra a posição elitista e sem transparência da presidência dinamarquesa", criticou Kim Carstensen, da organização WWF.

"As táticas de negociações debaixo dos panos, sob a presidência dinamarquesa, se focalizam no desejo de agradar os países ricos em vez de servir à maioria das nações que pedem uma solução justa e ambiciosa", acrescentou.

Para Martin Kaiser, do Greenpeace, a falta de liderança do primeiro-ministro da Dinamarca, Lars Loekke Rasmussen, "alimenta a desconfiança na cúpula sobre o clima".

"A proposta dinamarquesa não deve distrair [os participantes]", avisou por sua vez Antonio Hill, da Oxfam International, sugerindo se concentrar no texto negociado há meses pelos diversos grupos de trabalho.

A Dinamarca sempre rejeitou firmemente a existência de um texto único que representaria sua proposta para o acordo que deve ser concluído no dia 18 de dezembro na presença de mais de cem chefes de Estado, mas reivindica o direito de testar diferentes cenários.

"Não existe um texto. Estamos há semanas e meses consultando os diversos países, é o nosso trabalho", afirmou a ministra dinamarquesa do Clima, Connie Hedegaard, em entrevista coletiva.

"Muitos textos circulam, mas o texto que talvez seja aprovado aqui [no dia 18] ainda não existe, então ninguém pode tê-lo visto', acrescentou.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Mundo pode começar a mudar nesta segunda

Representantes dos principais países emissores de gás carbônico se reúnem a partir desta segunda-feira em Copenhague, na Cúpula de Mudança Climática.


por Paulo Pontes

domingo, 6 de dezembro de 2009

Brasil terá 725 delegados na conferência de Copenhague

MARTA SALOMON
da Folha de S. Paulo, em Brasília

Com quase duas centenas de empresários e pouco mais de cem representantes de organizações não-governamentais, a delegação brasileira na conferência do clima, em Copenhague, será uma babel de discursos diferentes sobre as mudanças climáticas e terá cerca de 725 pessoas, segundo o Ministério de Relações Exteriores.

Entre os portadores de crachá de delegado brasileiro, há quem defenda a definição de um teto para as emissões de gás carbônico no planeta e quem critique a recente definição de metas pelo governo brasileiro.

Ontem, o Itamaraty insistiu em que a maior parte da delegação bancará seus próprios custos. O ministério informou que o tamanho da delegação reflete o estímulo do governo ao engajamento de vários setores da sociedade no debate climático.

O tamanho da delegação brasileira contribuiu para a superlotação da conferência. O espaço que abrigará a reunião tem capacidade para 15.000 pessoas --e foi subdimensionado, segundo os organizadores. Parte da delegação ficará hospedada na cidade de Malmö, Suécia.

182

Segundo o Itamaraty, foram credenciados na delegação brasileira representantes de 182 entidades, empresas e órgãos do governo. Empresários detêm a maior parte dos crachás.

Estarão em Copenhague representantes das confederações da indústria e da agricultura, que já manifestaram críticas às metas de redução de CO2 pelo Brasil.

A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) alega que, ao colocar números na mesa, o Brasil enfraquece as chances de negociação. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) teme a adoção de barreiras comerciais a produtos responsáveis por um nível alto de emissão.

Integram a lista de empresários representantes das grandes estatais brasileiras, das empreiteiras, de montadoras, de siderúrgicas e da área de energia, além de fabricantes de óleo e produtores de soja.

O governo federal será representado por cerca de cem pessoas, sobretudo dos ministérios de Relações Exteriores, de Meio Ambiente e de Ciência e Tecnologia, mais envolvidos com a negociação. Mas os custos não foram divulgados, nem a lista completa dos delegados.

A delegação será chefiada pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Ela será acompanhada por três ministros: Celso Amorim (Itamaraty), Carlos Minc (Meio Ambiente) e Sergio Rezende (MCT).

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MARTA SALOMON
da Folha de S. Paulo, em Brasília

Com quase duas centenas de empresários e pouco mais de cem representantes de organizações não-governamentais, a delegação brasileira na conferência do clima, em Copenhague, será uma babel de discursos diferentes sobre as mudanças climáticas e terá cerca de 725 pessoas, segundo o Ministério de Relações Exteriores.

Entre os portadores de crachá de delegado brasileiro, há quem defenda a definição de um teto para as emissões de gás carbônico no planeta e quem critique a recente definição de metas pelo governo brasileiro.

Ontem, o Itamaraty insistiu em que a maior parte da delegação bancará seus próprios custos. O ministério informou que o tamanho da delegação reflete o estímulo do governo ao engajamento de vários setores da sociedade no debate climático.

O tamanho da delegação brasileira contribuiu para a superlotação da conferência. O espaço que abrigará a reunião tem capacidade para 15.000 pessoas --e foi subdimensionado, segundo os organizadores. Parte da delegação ficará hospedada na cidade de Malmö, Suécia.

182

Segundo o Itamaraty, foram credenciados na delegação brasileira representantes de 182 entidades, empresas e órgãos do governo. Empresários detêm a maior parte dos crachás.

Estarão em Copenhague representantes das confederações da indústria e da agricultura, que já manifestaram críticas às metas de redução de CO2 pelo Brasil.

A CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) alega que, ao colocar números na mesa, o Brasil enfraquece as chances de negociação. A CNI (Confederação Nacional da Indústria) teme a adoção de barreiras comerciais a produtos responsáveis por um nível alto de emissão.

Integram a lista de empresários representantes das grandes estatais brasileiras, das empreiteiras, de montadoras, de siderúrgicas e da área de energia, além de fabricantes de óleo e produtores de soja.

O governo federal será representado por cerca de cem pessoas, sobretudo dos ministérios de Relações Exteriores, de Meio Ambiente e de Ciência e Tecnologia, mais envolvidos com a negociação. Mas os custos não foram divulgados, nem a lista completa dos delegados.

A delegação será chefiada pela ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Ela será acompanhada por três ministros: Celso Amorim (Itamaraty), Carlos Minc (Meio Ambiente) e Sergio Rezende (MCT).

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